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terça-feira, janeiro 24, 2006

1752 - tocam os sinos na torre da igreja... 


no sábado à noite fui a uma procissão. desde miúda, muito miúda, que não ía a uma. fascinou-me o facto de ser à noite. e de me misturar com o povo da terra onde vivi em adolescente. a minha religiosidade é pouca, senão nenhuma. não era uma crente que desfilava com aquelas centenas de pessoas. era mais um elemento, arredio, daquela comunidade. e foi a isso que eu quis dar sentido. tentar fazer parte da comunidade. porque é um sentimento que me escapa. que sinto como uma falha. talvez só o tenha sentido, em parte, quando fiz desporto. mas até isso se tornou efémero para mim. acabou o sentir logo após terminar a minha ligação prática e quase diária. fui atenta, todo o caminho. ao som da banda. às velas acesas que as pessoas transportavam nas mãos. às velas que enfeitavam os parapeitos das janelas. inúmeras. pontinhos brilhantes, tremendo à corrente do ar. encontrei imensa gente conhecida. que aqui e ali cumprimentava ou acenava. gente do tempo em que eu era uma adolescente rebelde, completamente indiferente e inconsciente dos boatos que poderiam correr a meu respeito. estava imenso frio. e só a caminhada compassada me impedia de gelar. arrepiavam-me as mulheres que íam descalças. num quase fascínio pela razão que, perante o tempo desagradável, as fazia caminhar assim. noutros tempos, jovem e inconsequente, acharia que aquilo era uma violência sem sentido. hoje, não lhe encontro sentido. talvez por isso, não o faça. mas, aprendi que, aquilo que vai dentro da alma dos outros é tão legítimo, como o que vai na minha. que não interessa muito o caminho que cada um persegue, para encontrar a sua paz e o seu equilíbrio. o que interessa é que o encontrem. nem que seja numa procissão de são sebastião, numa noite de sábado, de um janeiro frio.

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