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terça-feira, julho 25, 2006

2066 - escritos à toa * 

na altura, vestia as mesmas calças todos os dias. já coçadas na zona dos bolsos, pelo carrego das moedas.
(telefonava-lhe sempre depois do almoço.)
sabia-lhe a uma espécie de cuidar. a ingenuidade não lhe permitia ver para além do óbvio. a autenticidade também não. o mais difícil, quando se é transparente, é ocultar as segundas vidas que, em momentos de carência, se tentam manter. é a voz que deixa de ser um riacho de águas límpidas, e se transforma em poço. não corre. estagna. acumula.
os bolsos acabavam por se romper. e as moedas, lá colocadas, deslizavam por dentro das calças até ao chão.
(achava-lhe graça aquele ar descuidado, embora perfeitamente limpo. a seu tempo talvez conseguisse modificar alguma coisa, aqui e ali. e depois, mais além e acolá. é a tendência natural. tem-se um pouco e quer-se mais. como um brinquedo que se manuseia a belo prazer.)
o hábito mantém-se. já não com a mesma frequência, mas usar os bolsos das calças como carteira, ainda dá muito jeito.
a ingenuidade, essa, não será bem igual, mas anda lá perto - ainda gosta de dar pontapés nas pedras!

* roubado daqui

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