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quinta-feira, junho 22, 2006

1996 

a partir de segunda-feira, estes serão os novos objectos de trabalho do meu pai.
aos 74 anos, farto de ficar à espera que lhe entre oficina dentro, trabalho a conta-gotas, decidiu procurar novo rumo. angola aqui vou eu! dirá ele no domingo à noite.
e eu, deixando agora de lado tudo o que me atormenta, nesta solidão que é ser filha única em casos bicudos, eu fico extremamente orgulhosa. admito que este sentimento irrompe com esforço, da angústia que toda a situação me tem causado. mas, é um sentimento que sempre senti por ele. orgulho. pela sua energia, pela sua alegria a trabalhar. é quase comparável à de um artista, um pintor, um escritor, que não tem dia nem hora, porque só se realiza fazendo o que gosta. e aquelas mãos calejadas, ásperas e cheias de cortes, só se sentem bem quando todas sujas de óleo.
e assim sendo, é incompatível com essa vontade, a letargia que vive este país. vai de novo, como há quarenta e tal anos. cheio de pujança. cheio de vontade de pôr aqueles barcos a navegarem, quais caravelas do seu sonho.
eu... a mim... resta-me saber gerir que quando se diz os meus pais, não nos podemos esquecer que falamos de um homem e de uma mulher. que o conjunto só funciona na nossa cabeça. porque no dia-a-dia, eles são dois. adultos. que têm de saber gerir a sua vida. sem mim.

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